A Porta

Todos me perguntam quando conto a parte III da minha. E eu vou responder dizendo que essa parte da minha vida não está completa, antes pelo contrário vai muito no inicio. Apesar de terem acontecido coisas bastante interessantes.

Desde o dia que passei por aquela porta eu sabia que a minha vida estava a mudar. Para melhor ou pior não sei, mas isso nunca se sabe.

Quando eu encostei as minhas mãos naquela porta, se ela pudesse falar, diria que sentiu o tremor e o suor que as mãos possuíam. A minha respiração susteve-se durante alguns segundos e o meu coração bombeava sangue a toda a velocidade.

Parei, olhei e pensei! Quando passar por esta porta a minha vida vai mudar.

Hoje, olho para trás e penso... será que hoje posso afirmar que abri a porta da minha felicidade?

Pois desde o momento que toquei na porta, a segurei nas minhas mãos e a empurrei com toda a intensidade, senti que aquele era o começo de algo marcante.

Ao passar a porta encontro uma sala vazia, totalmente vazia. Paredes brancas, sem janelas, chão de madeira que emitia ruídos quando tentava avançar. Girei em volta daquela sala e procurei por qualquer coisa que me fizesse ficar lá. Mas em vão, a sala estava mesmo solitária. Tal como eu!

Quis voltar para trás, mas a porta havia se fechado. Empurrei e voltei a empurrar e a porta parecia que tinha encravado. Gritei por socorro e só obtinha resposta de mim mesma. O eco da minha voz infiltrava-se na minha cabeça e apoderava-se da minha mente. Percebi então que estava abandonada.

Passaram-se dias, ou até mesmo só horas, mas que a mim me pareceram eternas. Já estava a sufocar dentro daquela sala. Mas, foi num momento, com o qual eu não estava a contar, que a porta se abriu e por ela entrou um sorriso.

Esse sorriso não veio sozinho. Trouxe com ele uma melodia, uma alegria, um compasso, resumindo, este sorriso trouxe-me a vida.

Então, aos poucos e poucos, aquela sala se redecorava. As portas passaram a abrir-se sem mais nem menos, havia pessoas a entrar e a sair, a sala enchia-se de cor, de melodias suaves, de cheiros, de movimentos... Mas reparei, que existia um espaço que não se preenchia. Que continuava vazio por mais que eu o tentasse preencher.

Agora, olho e vejo que toda eu, estou preenchida pelas coisas mais lindas do mundo: amor, amizade, amigos, as melodias, as memórias, os momentos, os pensamentos, os sonhos...

Mas haverá sempre um espaço por preencher. Porque esse espaço é a junção de todas as coisas que me preenchem e, eu continuo á espera de quem o quiser preencher.

Estou a aguardar que entres por essa porta a dentro sem pedires permissão. De braços abertos te vou receber e de beijinhos te vou encher.